sexta-feira, 20 de abril de 2012

Quase o Alívio

Por um momento quase conseguiu abrir a porta, usando toda a sua força, mas estava tão emperrada que a maçaneta quebrou na sua mão. Acabou tendo que sair pela janela, e, apesar de morar no terceiro andar, quase conseguiu escalar as varandas abaixo sem nenhum arranhão, mas quando alcançou a sobreloja um dos tijolos se soltou debaixo de seus pés e ele caiu de uma altura de 4 metros.

Ficou estirado na calçada, sem ousar se mexer, pensando que se não fosse por causa dessa queda teria chegado na entrevista à tempo e poderia ter conseguido o emprego dos seus sonhos.

Ouviu pessoas passando a seu redor. A dor e a frustração o impediam de abrir os olhos. Alguém parou ao seu lado e começou a apalpar seu corpo. Ele achou que pudesse ser algum médico que, por sorte, estivesse passando no local, e quase se sentiu aliviado, mas poucos momentos depois o "exame" terminou e ele sentiu o bolso onde estivera sua carteira ficar mais vazio.

Alguém ligou para a polícia, alguém ligou para os bombeiros, alguém ligou para a amabulancia. Quando perguntado se tinha plano de saúde, ele quase respondeu que sim, mas então se lembrou de que sua carteira com todos os documentos acabara de ser roubada.

Foi levado para o pronto-socorro público e por várias vezes quase foi atendido, mas sempre tinha "um paciente mais grave" na sua frente. Esperou, esperou e esperou; e depois de quatro horas ele quase conseguiu dormir, mas uma fisgada intensa na sua perna o despertou: alguém havia esbarrado na sua maca.

No início da noite foi finalmente atendido, dessa vez por um médico que verdade. Foi informado que quase havia morrido: sua queda teria sido fatal se o golpe que recebera na cabeça tivesse sido alguns poucos centímetros mais abaixo. Mas ele tivera sorte. Sofrera apenas uma leve concussão e uma perna quebrada.

Dentro de duas semanas já poderia estar de volta ao seu emprego, telemarketing.

7 comentários:

Ricky Oz disse...

Oi Monstrinha!
Eita, que história hein, é muito quase pra uma pessoa só. Nessas horas que dá para parar e pensar, será que valeu a pena sobreviver? Acho que sim, né? Sempre vale, é só ter esperança de que as coisas vão melhorar não importa as dificuldades e obstáculos que apareçam a sua frente.

Bjuss

Anônimo disse...

E o cotidiano não é hilário?

Monstrinha disse...

Não muito...
=/

É Comigo??? disse...

Pena que escreve tão pouco!Como sempre, não deixou de ser muito interessntemente sarcástica!
Bjão, e um ótimo fim de semana!

Milene Lima disse...

Carrego uns "quase" que emperram um pouco a minha caminhada. Mas, parte de mim o boicote, nem dá pra reclamar muito. Mas são "quases" menos práticos do que esses aí desse sujeito sortudo. Que bom que ele está quase vivo...

Beijo, menina talentosa.

Bárbara Lemos disse...

É tanto "quase" que terminei de ler o texto frustrada demais. Risos.

d. disse...

Hey monstrinha...
Parou com o blog tb. paramos +- na mesma época, mas agora voltei.. Estava sentindo falta. rs.

Postar um comentário