- Ei, acorda! O que que você tá fazendo?
-
Shhh.... fica quieta que eu tô ocupado.
-
Você sabe que nada disso é real né?
- Cala a boca, que eu tô tentando me concentrar.
-
Pára de besteira, acorda logo! Se você quiser eu
posso ajudar.
-
Do que que você tá falando agora? Você nunca faz
nenhum sentido.
-
E você tá fugindo... de novo. Eu já falei que
isso é perigoso.
-
Eu tô bem!
- Então prova.
-
Provar o que?
-
Prova que isso é real. Aposto que não consegue.
-
Eu já disse que tô ocupado.
-
Ocupado fugindo...
-
Huh... tá bom eu provo. E depois disso você me
deixa em paz.
-
Começa, então...
-
Deixa eu ver... o que você quer que eu faça?
-
Abre aquela porta.
-
Eu tô de pijama! Aqui, vou comer esse chocolate.
-
Esse chocolate não está aí.
-
Você me preocupa quando começa com essas
pirações, Amor.
-
Sou eu que tô procupada com você. Vai lá. Abre a
porta pra você ver.
-
Não vou abrir a porta. Tá cheio de gente lá
fora. Aqui vou ligar a música. Tá ouvindo?
-
Ah, eu tô ouvindo sim. Mas não a música. Tá todo
mundo preocupado. Vem pra cá logo.
- Pra cá aonde? Eu tô bem aqui do seu lado! Vem aqui,
vou te abraçar. Tá se sentindo melhor?
-
Não...
-
Ah, vai! Não começa a chorar. Tá tudo bem.
-
Por favor, me segue. Eu não sei quanto tempo a
gente tem?
-
Agora quem está falando em fugir?
-
Não é fugir. É voltar. Por que você teve que
fazer isso de novo?
-
Eu não fiz nada demais. E se você vai ficar julgando
todas as minhas atitudes, é melhor ir embora.
-
Não vou ficar aqui com você. Quanto tempo levar!
O que você tá fazendo?
-
Eu tô escrevendo um texto novo, que ler?
-
Adoraria... mas não tem texto nenhum aí.
-
Claro que tem. Eu vou ler pra você:
Ei, acorda! O que que você tá fazendo?
Shhh....
fica quieta que eu tô ocupado.
Você sabe
que nada disso é real né?
Cala a
boca, que eu tô tentando me concentrar.
Pára de
besteira, acorda logo! Se você quiser eu posso ajudar.
Do que que
você tá falando agora? Você nunca faz nenhum sentido.
-
Você tá vendo? Agora você percebeu né?
- Percebi o que? Você tá me interrompendo. Eu imagino
quanto eu já não poderia ter escrito até agora se não fossem tantas
interrupções!
-
Me desculpe, mas eu não vejo o sentido! Enquanto
você não voltar, tudo isso é uma perda de tempo.
-
O meu trabalho é uma perda de tempo? Meus sentimentos?
Nós?
-
Você tá perdido dentro de si mesmo.
- Você que tem essa mania de problematizar o que é
simples. Fica aqui comigo enquanto eu escrevo. Vai ficar tudo bem.
-
E quando o texto acabar?
- Não se preocupa. Eu tenho ideias suficientes pra
escrever por um bom tempo.
-
Isso não tá certo...
-
Por que não? Você não gosta da minha companhia?
-
É o que eu mais gosto, mas...
-
Sem mais. Senta aqui do meu lado, a gente vai
escrevendo juntos.
-
Mas aí você vai reclamar que eu tô te
interrompendo.
-
Esse tipo de interrupção é bom. Faz parte do
processo.
-
Tá bom, vamos ver no que dá.
-
Ei! Tira essa ruguinha de preocupação do rosto. Confia
em mim.
- Tá legal. Vamos lá.
-
Assim está bem melhor.
-
E como vai se chamar esse texto?
-
Ego Looping.